Análise da Suportabilidade Térmica em Regime de Curto-Circuito para Cabos Móveis

A avaliação da corrente de curto-circuito é um dos pilares fundamentais no dimensionamento de qualquer circuito elétrico. Para cabos de serviço móvel pesado, submetidos a condições operacionais severas, essa análise transcende o mero cumprimento normativo, tornando-se um fator crítico para a segurança operacional, a integridade dos ativos e a prevenção de falhas catastróficas. A capacidade de um cabo suportar o estresse térmico imposto por uma corrente de falta, mesmo que por frações de segundo, determina a resiliência e a confiabilidade de toda a instalação.

 

Fundamentação Normativa e Limites Térmicos

 

Para estabelecer um critério técnico robusto e seguro, recorremos a normativas internacionalmente consolidadas, como a alemã VDE 0250. Segundo suas diretrizes, o cálculo do limite térmico admissível para a corrente de curto-circuito em cabos de serviço móvel com isolação elastomérica deve considerar um cenário de aquecimento praticamente adiabático, onde o calor gerado não tem tempo de se dissipar para o ambiente.

Os parâmetros de referência estipulados são:

  • Temperatura Inicial (): 80 °C – Este valor não é arbitrário. Ele representa a condição mais crítica de operação, na qual o cabo já se encontra em sua temperatura máxima de regime permanente, operando a plena carga. O cálculo parte, portanto, do pior cenário térmico possível antes da ocorrência da falta.
  • Temperatura Final de Curto-Circuito (): 200 °C – Este é o limite máximo que o composto isolante do condutor pode atingir sem sofrer uma degradação irreversível de suas propriedades dielétricas e mecânicas. Ultrapassar este limiar, mesmo que momentaneamente, pode comprometer a vida útil e a segurança do cabo.

As correntes nominais de curto-circuito () fornecidas nas tabelas técnicas da Innovcable são calculadas com base nesses parâmetros para uma duração padrão de 1 segundo.

 

Ajuste da Capacidade de Curto-Circuito em Função do Tempo

 

Na prática, o tempo de atuação dos dispositivos de proteção (disjuntores e fusíveis) raramente é de exatamente 1 segundo. Para adequar o valor tabelado à realidade do seu projeto, é essencial compreender a relação entre corrente e tempo durante a falta.

Esta fórmula demonstra a relação inversa e quadrática: quanto mais rápido for o dispositivo de proteção, maior será a capacidade de corrente de curto-circuito que o cabo poderá suportar.

 

Cálculo Avançado para Condições de Projeto Específicas

 

Para projetos que adotam premissas distintas, como temperaturas de operação diferentes ou o uso de cabos com isolações de performance superior (como XLPE, que pode suportar até 250 °C em curto-circuito), a corrente de curto-circuito admissível pode ser determinada com maior precisão através da fórmula geral, derivada da equação de Onderdonk:

Implicação para a Engenharia: A correta aplicação destes conceitos é vital. A suportabilidade do cabo deve ser sempre superior à corrente de curto-circuito calculada no ponto da instalação, e o tempo de atuação do dispositivo de proteção deve ser coordenado para garantir que o limite térmico do cabo jamais seja excedido.

Convidamos você a refletir: Em seus projetos, como você garante a seletividade e a coordenação entre a curva de suportabilidade térmica dos cabos e a curva de atuação dos dispositivos de proteção para assegurar máxima proteção e confiabilidade? Compartilhe suas experiências nos comentários.

CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO

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