Guia de Otimização para Instalação de Cabos Móveis: Gerenciamento de Tensão Torsional e Assentamento em Tambores

 

A performance, a segurança e a vida útil de um cabo de aplicação móvel são diretamente influenciadas pela qualidade e precisão de sua instalação. Um procedimento inadequado pode introduzir tensões torsionais latentes, que resultam em falhas prematuras, como o “efeito saca-rolhas” (corkscrewing), danos internos aos condutores e degradação da cobertura externa. Este guia detalha as melhores práticas para a transferência, manuseio e instalação de cabos, com foco na prevenção e mitigação de torções.

 

1. Transferência do Cabo: O Princípio do Torque Zero

 

A primeira etapa crítica é a transferência do cabo da bobina de transporte (madeira) para o tambor de enrolamento do sistema (pórtico, guindaste, etc.). O objetivo fundamental desta operação é realizar uma transferência com torque zero, preservando o equilíbrio de tensões internas projetado na fabricação do cabo.

Procedimento mandatório:

  • Transferência Direta: O cabo deve ser transferido diretamente de uma bobina para a outra, sem a interposição de roldanas ou a criação de desvios angulares que possam induzir rotação no eixo do cabo.
  • Controle de Tensão e Velocidade: A operação deve ser executada em baixa velocidade e com a mínima tensão de tração possível, apenas o suficiente para evitar a formação de folgas. Uma tensão elevada pode “travar” torções no interior do cabo, enquanto a alta velocidade pode gerar um efeito chicote, introduzindo torções dinâmicas.

A negligência destes pontos resulta na introdução de energia torsional no cabo, que ficará armazenada e se manifestará negativamente durante a operação.

 

2. Diagnóstico e Neutralização de Tensão Torsional

 

Caso seja identificada qualquer tendência do cabo a formar laços ou espirais quando disposto em uma superfície plana, é um indicativo inequívoco de torção induzida. A remoção desta torção antes da entrada em operação não é recomendada, é obrigatória. Apresentamos dois métodos eficazes para neutralizar estas tensões.

2.1. Método de Propagação de Onda Transversal Este método é ideal para torções leves e utiliza um rolo para liberar a energia torsional acumulada.

  • Execução: Posicione um rolo cilíndrico (diâmetro sugerido de 15 a 20 cm, preferencialmente de material polimérico para não danificar a cobertura) sob o cabo, próximo ao ponto de torção. Com dois operadores segurando as extremidades do rolo, desloque-o em direção à extremidade livre do cabo. Este movimento cria uma “onda” mecânica que força a liberação da energia de torção, empurrando-a para fora do cabo. O processo deve ser repetido até que o cabo permaneça retilíneo.

2.2. Método de Rotação Controlada da Espiral Para torções mais severas, este método aplica um contra-torque direcionado.

  • Execução: Na extremidade fixa, deixe um comprimento de cabo suficiente para que ele forme naturalmente uma espiral. O sentido desta espiral (horário ou anti-horário) revela a direção da torção acumulada. Esta espiral deve ser então “rolada” manualmente ao longo do comprimento do cabo até a sua extremidade livre, efetivamente expulsando a torção.
  • Refinamento: Após a execução, reposicione o cabo e reavalie. Se uma torção residual mínima persistir, repita o procedimento e, como medida final de garantia, seccione aproximadamente 50 cm da ponta do cabo. Esta seção final pode reter tensões não lineares difíceis de eliminar. Realize um novo teste de validação.

Validação da Instalação: Para um controle de qualidade eficaz, antes de iniciar os testes operacionais, faça uma marcação retilínea com um marcador industrial ao longo do eixo do cabo. Durante a operação de teste, observe a marca. A permanência da linha reta indica uma instalação livre de torção. Se a linha apresentar um padrão espiral, há torção residual que necessita de correção.

  • Nota Técnica: Em instalações de grande comprimento, uma rotação muito leve e gradual da marca ao longo do eixo é um fenômeno físico esperado, relacionado ao assentamento natural das pernas do cabo sob carga, e não deve ser confundido com a torção prejudicial induzida por manuseio inadequado.

 

3. Instalação em Tambores de Enrolamento Multi-camadas (Multi-Spiral)

 

A direção de enrolamento no tambor é crucial para a longevidade do cabo. Os cabos para guindastes da INNOVCABLE são, por padrão construtivo, fabricados com torção à direita (Z-Lay).

  • Diretriz de Enrolamento: Para respeitar a tendência natural de formação do cabo, o enrolamento em um tambor de múltiplas camadas deve sempre iniciar com a primeira volta do cabo encostada na flange direita do carretel (observando o tambor por trás, no sentido do enrolamento).

Seguir esta diretriz faz com que o tambor trabalhe em harmonia com a construção do cabo, evitando que a força de enrolamento “brigue” com o sentido de torção das pernas. Isso resulta em um assentamento perfeito das camadas, minimiza o atrito entre espiras e previne deformações, garantindo a máxima vida útil e confiabilidade do sistema.

A adoção rigorosa destes procedimentos é um investimento direto na integridade estrutural e na performance do seu ativo. Para análises de aplicações específicas ou consultoria técnica, a equipe de engenharia da INNOVCABLE está à sua disposição.

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